Padre Fábio de Melo no momentos da transubstanciação |
A
religião cristã nasceu e desenvolveu-se na Antiguidade Clássica, dentro do
quadro político-cultural do Império Romano. Durante os primeiros séculos da Era
Comum, o cristianismo se expandiu e conquistou poder e um grande número de
adeptos! No ano
313, Os imperadores Constantino e Licínio, assinaram o Édito de Milão, concedendo
aos cristãos a liberdade de culto e ao mesmo tempo restituindo os bens à
Igreja, que nessa época se equiparava à religião pagã, tanto em direitos como
em privilégios. Em 391, o cristianismo torna-se a religião oficial de todo o
Império Romano, e com isso, todas as outras religiões pagãs passaram a ser
perseguidas.
A
maioria dos católicos não sabem, mas durante os primeiros séculos do
cristianismo, aos sacerdotes e bispos não era proibido o matrimônio. Os
evangelhos sinópticos (Mateus, Marcos & Lucas) indicam que o discípulo Pedro
(considerado pela Igreja Católica como o primeiro Papa) era casado, e outros
seis papas também viveram em matrimônio. Foi o Concilio de Elvira (306), que o permitiu
o sacerdote celebrar a missa, caso ele tivesse dormido com sua esposa na noite
anterior. Já o Concílio de Niceia (325) – O mesmo concilio que firmou as bases
religiosas e ideológicas da Igreja Católica Apostólica Romana – estabeleceu
que, uma vez ordenados, os sacerdotes não podiam mais casar-se.
Durante
toda a Idade Média (476-1491) a Igreja era detentora do
saber e do
conhecimento. Nesse quadro existia o Teocentrismo, filosofia ou doutrina que
considera Deus o fundamento de toda a ordem no mundo. A própria organização da
sociedade medieval (dividida em Clero, Nobres e Servos) era um reflexo da chamada
Santíssima Trindade.
Deus - Centro da Existência... |
Além de
se destacar pela sua presença no campo das ideias, a Igreja também alcançou
grande poder material. Durante toda a Idade Média ela passou a controlar grande
parte dos territórios feudais (num contexto em que terra era sinônimo de
riqueza!), se transformando em importante chave na manutenção e nas decisões do
poder nobiliárquico.
O
Historiador Leo Huberman, em sua obra História da Riqueza do Homem afirma:
“Enquanto
os nobres dividiam suas propriedades, a fim de atrair simpatizantes, a Igreja
adquiria mais e mais terras. Uma das razões por que se proibia o casamento
aos padres era simplesmente porque os chefes da Igreja não desejavam perder
quaisquer terras da Igreja mediante herança aos filhos de seus funcionários”.
Assim a
Igreja Católica adota o celibato dos padres e freiras como um importante
mecanismo de conservação do seu patrimônio. Ao contrário da nobreza – que tinha
seus bens repartidos por heranças, casamentos, lutas pela posse da terra, etc.
- a Igreja só acumulava riquezas, já que
os bens não pertenciam aos religiosos, mas a instituição em si.
Durante
o papado de Gregório VII, a partir de 1537 – 20 anos depois da Reforma
Protestante! – o celibato torna-se obrigatório para o clero, onde um sacerdote
romano que se casasse incorria na excomunhão e ficava impedido de todas as
funções espirituais.
Antônio Miranda de Freitas Junior – Historiador e Poeta
AREAS DE INTERESSE: HISTÓRIA, RELIGIÃO & FILOSOFIA